Comunicamos que o espaço onde a TOCA apresentou grande parte do seu trabalho no ultimo ano foi recentemente vendido, tendo a associação de sair até ao final do mês de Dezembro. Esta casa possui um património rico a ser preservado, nomeadamente um dos maiores, se não o maior logradouro do Porto, assim como fontes centenárias referentes á história dos mananciais, pelo que ficaremos atentos ao seu desenvolvimento na esperança de que seja preservado.
A formação da toca foge á cronologia e começa muito antes da sua interiorização, quando putos se juntam para revirar numa fábrica enorme, um pequeno espaço seu, onde o chão se varre, se aprecia a ausência de tecto, se cresce na alternativa do lixo, do desperdício e erro. O pensamento pouco difere do de hoje e ainda a situação se repete(não fosse essa mesma fábrica agora um maravilhoso novo centro comercial). Não reclamamos posse de lugares, reclamos sim a sua vida e independência, portanto não é para nós motivo de surpresa tomar conhecimento de que o lugar onde trabalhamos durante este ano foi efectivamente vendido. Existem novas propostas e ideias, mas é preciso relembrar a todos que o projecto TOCA se constrói independente, para que isto continue a ser possível é necessário apoio e essencialmente compreensão das dificuldades a que nos sujeitamos com conhecimento de causa. Isto é, todo o trabalho mostrado durante este período, foi desenvolvido com pleno conhecimento da chegada deste momento. Poucos mandam tijolo abaixo, entulho acima, lavra, couve, tomate, electricidade, canalização e muito mais para ressoar um lugar durante apenas um ano. Talvez pareça coisa pouca, contando com os três séculos que a casa já leva. Mas a verdade é que destes 300 anos, só um conseguiu acolher o trabalho de mais de 60 artistas e performers de Espanhã, França, Italia, Brasil, Suécia, Estónia e claro Portugal num lugar onde não era tão pouco possível aceder-se ao jardim. É este trabalho que pretendemos mostrar, não sedentário mas interdisciplinar e livre. A especulação imobiliária continua, terá altos e baixos, novas casas, fábricas, incêndios e devolutos, mas permanecemos com a certeza de que é apenas na condição de não possuirmos um espaço, que somos realmente livres para a sua recriação e interpretação. Toca fora é a ultima conversa de uma casa cheia de magia, história e problemática, cujo destino esperamos ser livre de destruição. Agradecemos a todos aqueles que nos têm ajudado, assim como os que nos deram oportunidades, pois estaremos sempre abertos a novas propostas, espaços e parcerias.
Na próxima sexta-feira, teremos o ultimo dia activo na casa para discutir e explicar o futuro do projecto, contamos com a performance da artista Italiana Madame P (patrizia Oliva)voz e electrónica . O projecto F.I.P de Gustavo Costa, Henrique Fernandes e Gergely Suto e uma memória sonora nascida na casa, Panda Riot Club. Esta será a ultima possibilidade de visita ao espaço, em 2011 rumamos para um novo lugar.